A gestora de venture capital Cedro Capital e a Ligocki Entretenimento, do produtor cinematográfico Marcus Ligocki, vão lançar juntas o maior fundo voltado ao financiamento da cadeia de projetos audiovisuais no país. Enquadrado como Funcine, o Cedro Ligocki quer captar R$ 100 milhões para investir desde a produção de filmes, séries e documentários até diretamente em participação nas produtoras, distribuidoras e salas de exibição, além de empresas de infraestrutura como estúdios e equipamentos.
Criados em 2003, os fundos de financiamento da indústria cinematográfica nacional abriram aos investidores a possibilidade de dedução de IR para fomentar a indústria cultural nacional. No caso da pessoa física, até 6% do IR e, da pessoa jurídica, de 3%.
Na Cedro, que investe há 10 anos em startups, será o primeiro veículo do tipo. “É uma possibilidade de investir uma parcela do imposto de renda na cadeia do audiovisual brasileiro e ter, em contrapartida, retorno financeiro e exposição de marca”, diz Bruno Brito, sócio-diretor da gestora.
A Ligocki Entretenimento, que já produziu obras como o filme Pureza, estrelado por Dira Paes e com mais de 30 prêmios nacionais e internacionais, e o documentário Rock Brasília – Era de Ouro, vai ser consultora do fundo. “O veículo não investirá nas produções da Ligocki por questões de compliance, mas vai contar com a experiência deles para escolher os melhores projetos e empresas do setor”, diz o gestor.
Há oito Funcines registrados na CVM, que somam patrimônio de R$ 41,2 milhões e investiam em uma produção ou em ativos específicos. O Cedro Ligocki quer uma diversificação maior da carteira, pois avalia que isso tende a aumentar o potencial de retorno financeiro dos cotistas - o veículo vai buscar entre 20% a 30% ao ano de rentabilidade, sendo o investimento inicial do cotista a partir de R$ 1 milhão.
Brito destaca que o setor audiovisual passou por transformações significativas nas últimas décadas, impulsionadas pelo avanço tecnológico, mudanças nos hábitos de consumo de mídia e pela demanda crescente por conteúdo em plataformas digitais e streaming. “Isso fez surgir novos modelos de negócios lucrativos, plataformas especializadas em determinados tipos de conteúdo que temos interesse em investir também”, avalia, citando como exemplo a produtora online Porta dos Fundos, vendida à americana Viacom.
No Brasil, o mercado de mídia e entretenimento se recuperou da queda na pandemia e retomou crescimento. Uma pesquisa global da PwC sobre entretenimento e mídia para o período de 2022 a 2026 aponta que o setor deve alcançar uma receita de US$ 39,9 bilhões no fim desse período, crescimento de 5,7%. “O audiovisual se tornou um produto de exportação do Brasil”, diz Brito.