A Fenasbac (Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central) — que coordena o ecossistema LIFT (laboratório virtual que promove protótipos de inovação financeira e tecnológica) ao lado do Banco Central (BC) — está dando mais um passo na direção de ajudar a impulsionar negócios inovadores no setor financeiro.
Em informação antecipada com exclusividade ao Finsiders, a instituição acaba de lançar um programa de aceleração voltado exclusivamente para fintechs, o Next Fintech, cujas inscrições abrem nesta segunda-feira (6) — daqui a pouco, às 10h, haverá, inclusive, uma live de lançamento da iniciativa (acompanhe neste link).
“Com o LIFT, estávamos olhando sempre para protótipo e, agora para complementar o ciclo de inovação, lançamos a primeira aceleração no Brasil exclusiva para fintechs de alto potencial de crescimento, que já tenham produto validado ou em fase de tração”, explica Rodrigoh Henriques, líder de inovação da Fenasbac, em entrevista ao Finsiders, durante um intervalo do Congresso FID22, realizado na semana passada.
O Next Fintech nasce com três mantenedores (Mercado Bitcoin, Finansystech e Sinqia) e terá uma rede de investidores. “Não posso abrir muita coisa nesse sentido, mas o que posso dizer é que vamos trazer investidores, que podem ou não ser os próprios mantenedores, desde o começo para acompanhar o processo”, diz Rodrigoh. “Os desafios de inovação foram elaborados junto com eles, ou seja, com gente que quer desenvolver e investir.”
A julgar pelo ritmo comprador e investidor de Mercado Bitcoin e Sinqia, apetite não deve faltar. Ambas as companhias vêm fazendo aquisições e aportes em startups nos últimos meses para complementar seus ecossistemas. A Sinqia, por exemplo, informou em seu balanço do primeiro trimestre ter cerca de R$ 200 milhões disponíveis para operações de M&A e Corporate Venture Capital (CVC), por meio do seu programa Torq Ventures.
No caso do Next, a ideia é acelerar entre 6 e 10 projetos durante 16 semanas, conta Rodrigoh. “Vamos fazer matchmaking de, no mínimo, dois projetos por mantenedor”, diz.
Serão selecionados negócios em verticais ou desafios de inovação, como: soluções nativas em blockchain; soluções de DeFi (sigla em inglês para finanças descentralizadas); negócios com foco em interoperabilidade entre mercado tradicional e cripto; projetos de educação financeira para ativos digitais; e soluções com foco em Web 3.0.
O programa é equity-free e terá diversos benefícios para as fintechs, incluindo: interação com regulador; diagnóstico e apoio em áreas de desenvolvimento do negócio; acesso a profissionais de mercado e especialistas; desenvolvimento de parcerias estratégicas com grandes corporações; e integração ao ecossistema LIFT.
Ao final da aceleração, as fintechs vão participar de um demo day, previsto para ocorrer em novembro, em Brasília (DF). O programa terá batches semestrais, informa Rodrigoh.
Evolução
A criação do Next representa uma evolução das iniciativas de inovação da Fenasbac, instituição sem fins lucrativos que atua como coordenadora do LIFT junto com o BC. Lançado em 2018, o LIFT funciona como um ecossistema de inovações financeiras e tecnológicas, unindo o regulador, o mercado financeiro, as fintechs e a academia, por meio de diferentes iniciativas.
“O ciclo de evolução da inovação começa em pesquisa básica e aplicada, nas universidades, e para isso temos o LIFT Learning, para inovação de baixa maturidade”, explica Rodrigoh. “Já a inovação de média maturidade, com foco em protótipos, resolvemos com o LIFT Lab e com o LIFT Challenge. Mas tinha um buraco para as fintechs que já estão tracionando, e por isso criamos o Next.”
Ao longo dos últimos quatro anos, o LIFT acelerou 62 fintechs e recebeu um total de mais de 600 inscrições.
Passaram pelo programa nomes como Spin Pay (adquirida no ano passado pelo Nubank e rebatizada como NuPay Business), Antecipa Fácil, Provi, Inco, Kalea, Pluggy, entre outras fintechs.
Em março deste ano, o BC e a Fenasbac divulgaram os nove projetos selecionados para a primeira edição do LIFT Challenge, com foco no desenvolvimento do real digital.