Com uma população de mais de 200 milhões de habitantes e uma posição privilegiada do ponto de vista geopolítico, o Brasil deve ver um aumento do fluxo de capital externo, mas o risco cambial é um desafio para atrair fundos estrangeiros para o país, avalia David Rubenstein, cofundador e co-presidente do conselho de administração do Carlyle Group.
Rubenstein, que participou por vídeo hoje do Congresso Abvcap 2023, ressalta que os investidores já conhecem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode facilitar a análise sobre os riscos e oportunidades do mercado local. Ele avalia que Lula fez uma boa gestão no governo passado, o que pode contribuir para essa retomada de fluxo.
Até agora, o movimento tem sido menor no mercado de private equity. No ano até agosto, o Brasil registrou 46 transações envolvendo fundos de participação, que totalizaram R$ 11,4 bilhões, queda de 22% e 12% respectivamente, segundo dados da TTR Data e da Abvcap. Parte dessa desaceleração tem a ver com o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, que elevou a taxa básica americana para o maior patamar em 22 anos e reduziu a liquidez para ativos de maior risco.
Rubenstein diz que, nesse contexto, as transações já ajudaram a trazer os preços para baixo em negócios privados. Segundo ele, o valuation das empresas estava saindo a múltiplo de dois dígitos, perto de 15 vezes a 18 vezes o EV/Ebitda, e agora estão mais próximas de 11 vezes.
Sobre cenário, o fundador do Carlyle destaca que, diferentemente do que era esperado pelo mercado, a economia americana não entrou em recessão (mas ainda há quem acredite nisso para 2024), o mercado de trabalho ainda se mostrando aquecido e o consumo das famílias está alto. Perguntado se disputaria uma vaga de candidato na eleição para presidente dos Estados Unidos, Rubenstein, de 74 anos, brincou com a idade dizendo que é “muito jovem para concorrer”.
“Quem sabe daqui a 10 anos”, disse, destacando que é provável haver nova disputa eleitoral entre Joe Biden e Donald Trump. Biden tem 80 anos e Trump, 77.