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“Não basta ter investimento, é preciso diálogo constante com corporações', afirma fundador da Portcapital Adicionado em 28/01/2021
 
João Lopes ressalta a importância de uma linha direta entre startups e companhias investidoras e explica o modelo de interação com a Embraer, acionista majoritária do fundo de venture capital aeroespacial

Ter um canal direto e regular com executivos de diferentes níveis e áreas é a chave para o sucesso de fundos de corporate venture capital, defende João Lopes, fundador da Portcapital. Criada em 2014 para a gestão do fundo aeroespacial da Embraer, atualmente investe em 12 empresas, todas com alguma relação com a gigante aeroespacial. "A interação (com a Embraer) é muito grande, e em todos os níveis. As grandes empresas gostam do convívio com a nova geração das startups. Não basta ter investimento, é preciso diálogo constante", defende o executivo, em entrevista à ABVCAP.

Um dos resultados recentes dessa interlocução constante foi a entrada da Embraer em um novo segmento, de segurança cibernética. Das 12 empresas investidas pela Portcapital, quatro são desta área e uma delas, a Tempest, acabou sendo adquirida pela própria Embraer, com planos atuais de internacionalização.

Para 2021, a expectativa de Lopes é de consolidação e crescimento do modelo de investimentos de venture capital no Brasil. "Há muito interesse no modelo de corporate venture e no desenvolvimento de negócios com startups. 2021 será um ano promissor, com forte demanda por soluções de empresas inovadoras, que ajudem no sucesso de corporações de diversos setores", considera. Confira trechos da entrevista.


Como avalia a principal diferença de um venture capital tradicional de um corporate venture capital?

O corporate venture busca empresas com capacidade de escalar, se valorizar, e maximizar retornos aos cotistas. Mas também tem o objetivo aprender com novas tecnologias, desenvolver novos negócios e acelerar o crescimento de diversas áreas. Está estritamente ligado à inovação, atrelada ao retorno financeiro, e a busca por benefícios que sejam usufruídos ao longo do tempo.


Quais as vantagens para empresas e startups da estruturação de um corporate venture?

A parceria entre uma startup e uma grande corporação que atua no mesmo segmento abre uma série de portas para crescer mais rápido, errar menos, além de ter o retorno do investimento feito. Em contrapartida, a empresa investida precisa manter um diálogo constante com todas as áreas da investidora para entender quais são os interesses em tecnologias, segmentos e negócios com potencial de sinergia.


Quais os desafios em conectar a realidade da companhia às soluções oferecidas por startups?

É um dever que deve ser feito na estruturação da governança do fundo. No caso da Embraer, por exemplo, nos reportamos a duas estruturas, dentro das áreas financeira e de inovação. Fazemos reuniões semanais, com diversos departamentos, para ouvir planos estratégicos, interesses, tecnologias e negócios estratégicos. Isso tudo para alinhar na busca de oportunidades de investimento. Depois de identificadas essas oportunidades, escolhemos padrinhos internos para elaborar um plano de criação de valor, que é uma estratégia que contempla como os cotistas podem ajudar a startup. Essa ajuda pode ser desde mentoria, road map tecnológico, compra de produtos e serviços, indicação de clientes, etc. Trimestralmente também reportamos ao conselho de administração como as startups estão interagindo com a corporação, e uma atualização dos principais avanços e desafios. A interação é muito grande, e em todos os níveis. As grandes empresas gostam do convívio com a nova geração das startups. Não basta ter investimento, é preciso diálogo constante.


Quais as principais premissas valorizadas pela Portcapital para a realização de um investimento?

São três principais premissas: equipe, road map tecnológico e potencial de escalabilidade. A equipe deve ter entusiasmo, experiências complementares entre os sócios e capacidade de tornar um projeto bem-sucedido. Já o road map tecnológico deve levar em conta tendências, percepção global e concorrência. E, por fim, o potencial de crescimento é importante pela visão de médio e longo prazos.


Que investimento recente e bem-sucedido feito na Embraer você destacaria?

Desenvolvemos um novo negócio, na área de segurança cibernética, com quatro empresas investidas. Uma delas, a brasileira Tempest, se tornou a maior do segmento no Brasil, e, no ano passado, a vendemos para a Embraer. Isso fortaleceu o plano de internacionalizar e se tornar um dos maiores players mundiais de segurança cibernética. Desde a estruturação, o fundo foi um grande sucesso. A relação fluiu de maneira excepcional, com grande envolvimento dos cotistas. Concluímos nosso período de investimentos, com 12 aportes, quatro na área de segurança cibernética --  Tempest, EZ, Claves e Kryptus -- que atuam de maneira conjunta. 


Há outros exemplos de investimentos bem sucedidos? 

Destaco a Motora, uma empresa de Vitória (ES), que fez o primeiro carro autônomo no país, a partir de uma tecnologia bem sofisticada. Como a Embraer está desenvolvendo uma espécie de carro voador, ou "Uber aéreo", ela mirou tecnologias de veículos autônomos no mundo todo. No fim, identificou que essa empresa brasileira tinha um padrão altíssimo de tecnologia. Atualmente, a Motora trabalha no desenvolvimento de um sistema de voo autônomo para a Embraer. 


De que forma a pandemia inferiu na gestão dos fundos da Portcapital?

A pandemia atingiu cada segmento de forma diferente. Cerca de 60% do fundo está investido em empresas de cibersegurança, que tiveram um grande crescimento na pandemia, na esteira de uma maior digitalização dos negócios, catalisada por fintechs e empresas do varejo online. Já outros segmentos, como a parte de simuladores de voos, ligados à aeronáutica, foram mais afetados, com enxugamentos e adaptações impostas pela crise. Independentemente do setor, se a empresa está financeiramente saudável, ela sempre encontra soluções.


Qual a perspectiva para futuros negócios no segmento de CVC no Brasil?

Temos conversado com diversas corporações para desenvolver corporate venture. Na pandemia, sentimos uma receptividade muito grande, sobretudo após os primeiros oito meses, desde março, com ajustes de estrutura e redução de custos. Feito isso, todas têm buscado plataformas digitais, inovação e novos modelos de negócios. Há muito interesse no modelo de corporate venture e no desenvolvimento de negócios com startups. 2021 será um ano promissor, com forte demanda por soluções de empresas inovadoras, que ajudem no sucesso de corporações de diversos setores.


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