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Medidas para atrair iniciativa privada à infraestrutura são bem-vindas, diz Geoffrey Cleaver, da Angra Partners Adicionado em 05/08/2020
 
Restrição à movimentação de pessoas e a retração da economia devido à pandemia de coronavírus têm afetado empresas do setor de infraestrutura brasileira. Apesar desse cenário, Geoffrey Cleaver, Diretor da Angra Partners e Coordenador do Comitê de Infraestrutura da ABVCAP, vê oportunidades e acredita que as medidas do governo para atrair a iniciativa privada a investir no setor são bem-vindas.

“Esta crise tem afetado os setores de forma diferenciada”, diz o gestor. Segundo Cleaver, enquanto os aeroportos e rodovias pedagiadas têm enfrentando significativa redução no volume de tráfego, os terminais portuários têm trabalhando dentro de certa normalidade. O setor de distribuição de energia também sofreu o impacto da queda da atividade econômica, com redução da demanda e aumento da inadimplência.

Mas a promessa de iniciativas de fomento à entrada do capital privado, que hoje têm condições de saírem do papel, e o novo marco legal do saneamento apontam para um horizonte com mais oportunidades. “Este setor é por natureza fortemente regulado e dependente de ações do governo. Toda medida para trazer a iniciativa privada é extremante bem-vinda e representa uma oportunidade para todos os players deste setor, incluindo os fundos de Private Equity dedicados para infraestrutura”, completa Cleaver.


1. A equipe do governo tem feito declarações anunciando investimentos em infraestrutura e leilões para a iniciativa privada após a pandemia. O que isso representa em oportunidade para os fundos de Private Equity?

É importante destacar que o investimento em infraestrutura tem uma natureza diversa dos investimentos tradicionais em Private Equity.  As perspectivas de retorno são menores já que o risco é menor também.  Além disto, os prazos de investimento são mais largos que os tradicionais 5 a 7 anos de um fundo de PE.  Dito isto, é auspicioso que haja uma ação governamental para atrair investidores privados e com certeza é mais uma oportunidade para os fundos de Private Equity dedicados ao setor.


2. Quais áreas têm maior potencial de crescimento e retorno no setor de infraestrutura brasileiro?

As necessidades de investimento em infraestrutura no Brasil são gigantescas. No final, as áreas com maior potencial serão aquelas que conseguirem demonstrar que possuem um marco regulatório estável e confiável.  Isto é condição básica para a atração de investidores, lembrando que cada subsetor tem sua característica própria em termos de necessidade de investimento, prazo de maturação e capacidade de geração de retorno.  Por conta disto, vejo que há múltiplas oportunidades para diferentes players e que cada um irá escolher aquele subsetor que melhor se adaptar aos seus requisitos de investimento. 

Quando olhamos para o passado, vemos que o setor elétrico foi o setor que mais atraiu capitais privados e isto se deu muito mais pelo conforto gerado pela sua estabilidade institucional.  Na verdade, o que esperamos é que os outros subsetores possam replicar o sucesso do setor elétrico oferecendo assim oportunidades de investimentos mais variadas.


3. Como o cenário político e econômico hoje influencia a eficiência dessas operações? Quais as chances de elas não saírem do papel?

No geral, entendo que temos condições políticas e econômicas positivas para deslanchar estas operações.  No lado político, há um consenso generalizado da necessidade de se criar condições para a atração do capital privado para infraestrutura.  Por outro lado, por conta da sua natureza monopolística e a longa maturação dos investimentos, o incentivo para a atuação da iniciativa privada na infraestrutura sempre depende de uma atitude bem coordenada entre os diversos entes governamentais. As condições para uma boa coordenação estão postas e deverão começar a mostrar os frutos no curto prazo.

Do ponto de vista econômico, a exaustão da capacidade de financiamento do Estado faz com que a atração de capitais privados seja a única forma de fazermos os projetos saírem do papel.  Entendo que nunca houve nos últimos 20 anos uma situação política e econômica tão favorável para estes investimentos. Observamos isto com o caso da aprovação do novo marco do saneamento.


4. O marco do saneamento promete abrir espaço para que a iniciativa privada tenha maior participação no setor. Onde devem estar as melhores oportunidades para os fundos?

As oportunidades são múltiplas, embora gostaria de destacar o setor de destinação de resíduos sólidos.  Entendo que o novo marco irá permitir a “virada do jogo” no setor por conta da possibilidade de cobrança de tarifa do usuário final.  A partir deste fato, o setor adquire capacidade de financiabilidade semelhante ao setor de água e esgoto.


5. Quais os riscos que um gestor precisa analisar ao optar por investir em uma empresa sendo privatizada no setor de infraestrutura, mediante o cenário brasileiro atual?

Os riscos são os mais variados, mas gostaria de destacar um em especial: a atual confusão regulatória que temos observado em determinados setores.  É muito comum hoje que a atuação do regulador setorial seja “atropelada” e contestada por uma atuação mais incisiva dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, por exemplo.  Para o regulado, o operador da concessão, este enfraquecimento do poder decisório do órgão regulador está levando a um verdadeiro apagão, onde decisões importantes são postergadas pela agência reguladora por conta do receio de potenciais sanções por parte dos órgãos de controle.

Fonte: ABVCAP News | Agosto 2020


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